Chance de 2º turno leva favoritos a fugirem de polêmica em debate - São Paulo


Alckmin evitou fazer perguntas a Mercadante em 4 oportunidades; tucano disse que “quem está em 1º não pergunta para 2º lugar"


Com a perspectiva, pela primeira vez desde o início da campanha, de a eleição para governador em São Paulo ser levada para o segundo turno, os dois principais candidatos, Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT), adotaram posturas cautelosas no debate desta terça-feira promovido pela TV Globo, o último embate entre os postulantes antes da votação, no próximo domingo.

Ainda líder nas intenções de voto, mas com distância reduzida em relação aos rivais, Alckmin se limitou a defender de ataques e evitou, em quatro oportunidades, fazer perguntas diretas ao adversário do PT. O tucano, que tenta, na propaganda de rádio e TV, colar em Mercadante a imagem de senador ausente no Congresso, optou por fazer questionamentos direitos aos “nanicos” Paulo Skaf (PSB), duas vezes, Paulo Bufalo (PSOL) e Fábio Feldman (PV). A mesma estratégia foi usada pelo tucano em debates anteriores. Na quarta oportunidade, diante da irritação do petista, ele justificou a opção ao dizer que, além de querer “controlar a imprensa”, o PT não respeitava o seu direito de fazer perguntas para outros candidatos.


A última pesquisa Vox Populi/Band/iG mostra uma aproximação das intenções de voto registradas pelo tucano (40%), em relação à soma do desempenho obtido por seus adversários (também 40%).

Ao final do debate, Alckmin se justificou por não perguntar ao petista com uma frase atribuída a José Eduardo Dutra, presidente do PT: “Quem está em primeiro não pergunta para quem está em segundo. É óbvio”, afirmou o tucano.


Mercadante, por sua vez, que não teve chance de fazer perguntas ao ex-governador, acusou o rival tucano de fugir do debate quando teve oportunidade. Ele optou por repetir críticas que tem feito com insistência em relação ao governo tucano, que administra o Estado há 16 anos. Evitou, no entanto, assuntos polêmicos, como os ataques do PCC a autoridades policiais, em 2006, pouco depois de o rival tucano deixar o governo do Estado para concorrer às eleições presidenciais. O episódio foi citado por ele no debate anterior, da TV Record. A pane ocorrida no metrô de São Paulo, na semana passada, que provocou pânico e atrasos entre os usuários do sistema, também foi deixada de lado na fala do petista.


TEM MAIS


Mercadante preferiu se ancorar em números sobre o governo federal, como tem feito desde o início da campanha. Logo em sua primeira participação, ele exaltou a criação de 14 milhões postos de trabalho durante a gestão Lula e defendeu a ampliação de parcerias entre governos federal, estadual e municipais.
Sem que pudesse debater entre eles, os dois principais candidatos viraram alvo dos rivais ao longo do encontro.


Alckmin foi ironizado por Paulo Bufalo após dizer que eu seu governo os servidores públicos eram valorizados e não promoveram greves. O candidato do PSOL acusou a gestão tucana de negociar com grevistas “com cassetete na mão”. “Eu sou professor da rede pública e queria ter esses benefícios (citados por Alckmin). Gostaria muito”.


Já Skaf chegou a dizer que Mercadante não defendeu São Paulo durante a discussão da partilha de royalties da exploração do petróleo na camada pré-sal. “Você, que representa o Estado como senador, não defendeu São Paulo, assim como o Alckmin não defendeu”, disse o candidato do PSB. O petista argumentou que sua proposta no Congresso era voltar os recursos do pré-sal para investimentos em educação e tecnologia, mas que o DEM e o PSDB “pulverizaram” a verba de forma “demagógica”.


Mercadante e Russomanno protagonizaram dobradinhas com trocas de perguntas para atacar a gestão tucana para a segurança pública no Estado. Um dia antes, Russomanno havia manifestado seu apoio à presidenciável petista, Dilma Rousseff. Ambos criticaram os preços dos pedágios das estradas estaduais e disseram que os impostos e os custos para trafegar em São Paulo faziam com que as empresas “fugissem” em direção a outros Estados.


"Chuchu"


No terceiro bloco, Alckmin foi questionado por Russomanno sobre como atuaria diante da “fuga” de jovens do interior em busca de oportunidades em cidades grandes. O tucano citou pesquisa recente da Firjan para dizer que 14 das 15 cidades mais desenvolvidas do País estão em São Paulo, a maioria no interior paulista. Alckmin rebateu as críticas do adversário, feitas no bloco anterior, sobre fuga de empresas em razão de excesso de impostos. Ele citou desonerações promovidas pelo governo do Estado sobre setores como vestuário e calçado.


Russomanno rebateu dizendo que o ex-governador “não anda pelas cidades pequenas” do interior. “Os pais sabem o que é deixar os filhos irem para capital para tentar emprego porque (nas cidades pequenas) não conseguem. Seus números são números fantasiosos. O senhor conhece números para chuchu”.


A afirmação gerou reação do candidato tucano, que pediu “respeito” e acusou o pepista de divulgar “inverdades”. “Tem gente que gosta de falar mal de São Paulo”, afirmou.
Uma das críticas mais contundentes ao governo tucano ficou por conta de Paulo Skaf, que criticou o desperdício de água no sistema de abastecimento de água em São Paulo. Segundo Skaf, a empresa responsável pelo serviço, a Sabesp, gasta “uma fortuna” em publicidade quando deveria investir em saneamento.


“Para que fazer publicidade de uma empresa que tem monopólio (do serviço)?”
Mercadante afirmou que Skaf tinha “toda razão” sobre a situação da Sabesp e criticou o que chamou de ineficiência dos gastos para despoluição do rio Tietê por “falta de parceria com os municípios”.
Bufalo, por sua vez, criticou os governos federal e paulista que, segundo ele, se contradiziam ao falar em investimentos em ferrovias quando autorizavam empréstimos bilionários para as montadoras produzirem casa vez mais automóveis no País.


Falha técnica


Uma falha técnica interrompeu o debate por cerca de dois minutos no quarto bloco. Um problema no áudio impossibilitou uma pergunta de Alckmin, endereçada a Paulo Bufalo, sobre meio ambiente.
Na sua vez de perguntar, o candidato do PSOL questionou Mercadante sobre a “coerência” e lembrou que o petista havia anunciado, em 2009, que deixaria a liderança do seu partido em caráter “irrevogável” devido ao apoio do PT ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). No mesmo dia, Mercadante desistiu da decisão após conversar com o presidente Lula.


Em sua defesa, o petista disse que mantinha opinião de que Sarney deveria ser investigado pelo Senado e lembrou que não saiu da liderança a pedido do presidente.
Bufalo disse que o PSOL, ao contrário de Mercadante, não havia abandonado o combate a corrupção e não se ancorava em candidatos como Tirirca (PR), que faz parte da coligação do PT no Estado.

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