Portugal pediu ajuda financeira à Europa, diz primeiro-ministro
Portugal decidiu pedir ajuda financeira à União Europeia (UE), anunciou nesta quarta-feira o primeiro-ministro demissionário português, o socialista José Sócrates.
Em mensagem ao país, Sócrates lembrou que tentou evitar até o último momento esta decisão, mas ressaltou que teve que tomá-la porque o agravamento da crise financeira se tornou uma "ameaça para a economia do país".
O primeiro-ministro português voltou a responsabilizar a oposição, que rejeitou seu plano de ajuste econômico, pela necessidade de pedir ajuda. Essa oposição ao plano proposto pelo primeiro-ministro provocou sua renúncia em 23 de março e, segundo ele, colocou o país em uma fraqueza financeira "sem precedentes"
Oposição apoia decisão
Seguindo o anúncio, a principal legenda opositora de Portugal, o Partido Social Democrata (PSD, centro-direita), informou que apoiará o Governo socialista interino no pedido de ajuda financeira à União Europeia porque se trata de "uma medida de apoio" que contribui para a segurança nacional.
Em declaração à imprensa, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou tardia a solicitação de ajuda. "O pedido de ajuda que foi realizado hoje não deve ser encarado pelo país como o fim do mundo ou um ato de desespero e sim como um primeiro passo para não ocultar a realidade e enfrentar nossos problemas com dignidade", justificou o líder do partido.
O dirigente conservador assinalou que "fará tudo o possível" para facilitar a negociação com a UE com o objetivo de conseguir "um marco digno de ajuda" para Portugal até a formação de um novo Governo nas eleições antecipadas de 5 de junho.
Os grupos da esquerda marxista com representação na Assembleia se opuseram ao pedido de auxílio. O líder parlamentar do Partido Comunista Português, Bernardino Soares, qualificou a decisão como de "máxima gravidade" pelas consequências que terá, enquanto o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, assegurou que o Executivo socialista desistiu dos portugueses.
Comissão Europeia tem pressa
A Comissão Europeia tramitará o pedido de assistência financeira de Portugal "o mais rápido possível, de acordo com as normas aplicáveis", informou nesta quarta-feira seu presidente, José Manuel Durão Barroso, quem reiterou sua confiança na capacidade de Portugal "de superar as dificuldades".
Barroso fez esta declaração em comunicado que enviou após ser informado pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, de sua intenção de solicitar a ativação do fundo de resgate da zona do euro para assistir a países com problemas de financiamento.
"O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) reafirma nesta ocasião sua confiança na capacidade de Portugal de superar as presentes dificuldades, com a solidariedade de seus parceiros", disse Barroso, de nacionalidade portuguesa.
O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, considerou que o resgate a Portugal seria de US$ 75 bilhões em declarações que efetuou por ocasião da realização de uma cúpula de líderes da UE, em 24 de março. O resgate de Portugal e os próximos passos serão examinados nas reuniões que os ministros das Finanças da UE celebrarão na sexta-feira e no sábado em Budapeste.
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