Em estreia na tribuna do Senado, Aécio critica Dilma e pede "choque de realidade"
Em seu primeiro pronunciamento da tribuna do Senado, o oposicionista Aécio Neves (PSDB-MG) criticou nesta quarta-feira (6) a presidente Dilma Rousseff por não ter feito “a ruptura entre o velho e o novo”, depois de assumir o cargo de Luiz Inácio Lula da Silva no início do ano. Embora o ex-governador de Minas Gerais tenha elogiado políticas sociais do Palácio do Planalto, afirmou que o país precisa de um “choque de realidade”.
Por cerca de 20 minutos, Aécio, que foi pré-candidato à Presidência até o fim de 2009, falou sobre a necessidade de reformas, acusou o Palácio do Planalto de interferir em empresas privadas, como a mineradora Vale, e anunciou propostas dos oposicionistas para melhorar a qualidade da gestão, nas áreas de segurança e transportes. Foi aplaudido por oposicionistas no fim de seu discurso, no qual evitou referências mais duras a Dilma.
A Folha de S.Paulo noticiou que Dilma vetou o nome indicado pelo Bradesco para presidir a Vale. O Bradesco, assim como o fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, é acionista da maior empresa privada do país. Murilo Ferreira acabou sucedendo Roger Agnelli, que acumulava desgastes com o Lula e com Dilma por ter desacelerado investimentos da empresa durante a crise econômica de 2008.
O tucano disse ainda que não há razão para otimismo, porque outras nações exibem números melhores do que os brasileiros em vários setores. “O Brasil precisa de um choque de realidade que nos permita compreender a situação do país hoje”, afirmou. Em 2002, quando candidato ao governo de Minas Gerais, ele cunhou a expressão “choque de gestão”, em alusão ao “choque de capitalismo” proposto por Mario Covas nas eleições presidenciais de 1989.
Aécio citou “as mudanças estruturais do governo Fernando Henrique, entre elas as privatizações" e disse que os governos Itamar Franco, FHC e Lula, de 1992 a 2010, compõem uma era. “Estamos no nono ano dessa era, é quase uma década. Temos mais a buscar”, disse o mineiro. Em seguida, afirmou que entre os interesses do país e os próprios, “o PT escolheu o PT”. Tijolo por tijolo Em seu aparte, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também elogiou Aécio, a quem chamou de “o melhor quadro da oposição deste país”. Mas o chamou de injusto pela acusação do mineiro de que o partido se coloca à frente dos interesses nacionais.
“Essa frase sobre escolha seria melhor construída se fizéssemos o debate entre Brasil e PT. Mas sim entre que Brasil é o Brasil do PT e qual é o do PSDB”, afirmou Costa. “Quem implantou nas últimas décadas uma proposta de infra-estrutura como Lula? O que é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)? Não vimos isso em outros governos.” Aécio apenas repetiu que “o Brasil vem avançando tijolo por tijolo nas últimas décadas”.
Além dos comentários, Aécio – cotado como presidenciável para as eleições de 2014 – fez duas propostas: transferir rodovias federais para os Estados, com a contrapartida de ampliar a participação estadual nos recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, cobrada sobre os combustíveis); e destinar mensalmente 70% dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e do fundo penitenciário aos Estados.
José Serra, candidato tucano derrotado à Presidência, foi ao Senado para ouvir o discurso do colega de partido que em favor dele abriu mão de disputar a Presidência da República contra Dilma, preferida de Lula. Aécio citou o ex-governador paulista duas vezes em seu discurso e também fez referência a outro potencial adversário interno para 2014, o governador Geraldo Alckmin.
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