Segundo turno em São Paulo: O novo do PT X O velho do PSDB
Os dois candidatos dizem querer discutir os problemas da cidade, propor soluções para São Paulo. Podem até vir a fazê-lo, mas, por ora, não é ao que estamos assistindo. Serra, ainda no domingo (7), propos um debate sobre "valores". Entenda-se nisso um eufemismo para martelar o "mensalão"; na disputa pelo poder, todos fariam igual. Desde então, os "valores" estão nas manchetes, par e passo com as condenações no julgamento do chamado "mensalão". Haddad respondeu a Serra.
Disse o candidato do PT: - Depois desse julgamento vai se iniciar outro, o do mensalão do PSDB de Minas. O DNA do mensalão é tucano.
A frase é de Haddad. Serra rebateu, e bateu, com a mesma resposta por dois dias seguidos: - Essa é estratégia do 'pega ladrão'.Você bate a carteira de alguém e sai gritando 'roubaram a minha carteira'. Com as condenações do Supremo nas manchetes, aumento no tom. O comando político da campanha de Haddad tomou decisões sobre o conteúdo de programas eleitorais no rádio e na TV; e isso é informação, e não opinião.
Alguém com poder para decidir, avisa: - Não vamos começar, mas não seremos cordeiros. Se provocarem, não haverá limites para a resposta. O PSDB já tem estocado farto material. O "mensalão", claro, é a estrela da programação estocada. Se assim for decidido, o "mensalão do PT" é tema para uma série.
Mas não apenas. Ao deixar reunião com Serra, na terça-feira, 9, o pastor Silas Malafaia adiantou: - O Haddad já está marcado pelos evangélicos como candidato do 'kit gay'. Vou arrebentar em cima do Haddad. Portanto, a depender dos eventos, as séries "mensalão" e "kit gay" podem entrar em cartaz. O PT também montou seu arsenal.
Um dos temas é Hussain Aref Saab, alto funcionário da Prefeitura, diretor da Aprov por sete anos, nas gestões de Serra e Kassab. Aref deixou a prefeitura com patrimônio de 106 prédios, R$ 50 milhões, e acusado de receber propinas para liberar construções irregulares.
Outro tema chama-se "A Privataria Tucana". Sao 115 páginas de documentos, origem do livro, de mesmo nome, que trata de Serra e bastidores do bilionário negócio da privatização do sistema telefônico. Há ainda no estoque da campanha petista o Paulo Vieira de Souza, desde a eleição presidencial de 2010 conhecido também como "Paulo Preto".
Em reportagem de oito páginas na revista Piauí, edição que está nas bancas, Paulo Viera, entre outras frases, refere-se à sua relação com Serra desta forma: - Eu e ele somos que nem abraço de gambá: pode separar, mas fica o cheiro. Para o PSDB, o que não falta é fraseado sobre o chamado "escândalo do mensalão", que levou tantos dos seus à condenação.
A guerra já está no ar. Entre atos e fatos, o fraseado público dos dois candidatos tem sido claro como um dia de sol, mesmo com eufemismos. Como é claríssimo o que vaza do arsenal das suas campanhas. Se essa escalada for adiante, é possível que, em algum momento nas próximas três semanas, os candidatos tenham tempo para… discutir problemas e soluções para São Paulo.
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